19.5.13

o último ano, ou o primeiro ano.

O blog foi abandonado. Literalmente. Como quase tudo neste último ano.
Não sei se acontece com todo mundo, mas comigo aconteceu. Virei mãe, mas mães existem em suas mais variadas formas. A mãe que virei é uma que mergulha de cabeça, em um lago que não dá pé. Talvez no mar. E aí, depois de mergulhar de cabeça, solta todo ar que tem e fica lá embaixo, curtindo o não-peso, afundada e flutuando, ao mesmo tempo, sem encostar no chão, sem sair da água.
No fundo sou assim em tudo que faço, e com tudo que tenho, mas ao me tornar mãe essa percepção se tornou maior, porque foi impossível conseguir fazer outra coisa além.
Às vezes sentia falta do ar. E então tentava me debater, e voltar a tona. Mas na primeira respirada, já me vinha o ímpeto de me deixar afundar novamente, e lá eu ia.
E se foi esse ano. De muito amor, aprendizado, brincadeiras e obrigações. Um ano corrido, exaustivo, revelador. E agora me vejo voltando. Me obrigo a voltar. Besteira minha, por um lado eu penso ( o lado que gosta do não peso do fundo), no final as coisas se encaminham. Mas penso também no futuro, e em mim, em quem fui e em quem sou. Duas pessoas diferentes e que precisam conviver para sempre aqui mesmo, em mim. Ah, quanto que já ouvi falar nisso. Quanto falei que comigo não aconteceria...
O apego, coisa que não tenho por nada, resolveu ele me pegar. E me pegou de jeito. Agora não largo.
Estou vontando a tona, mas com meu bebê nos braços. Outro nascimento. Outro parto. Ele também vai ter um longo caminho de aprendizagem da vida pela frente. Amanhã começa a escolinha. E algum tempo depois eu a trabalhar. E pensar em tudo que vou perder. E pensar em tudo que tenho a ganhar. E pensar que tudo é questão de escolha. E pensar que quase ninguém pensa assim.

Mais uma noite, no fundo sem dar pé, solta na água, flutuando e imersa, com pensamentos a mil e com o coração preenchido e calmo. Lembrando de tudo que vivi, de tudo que aprendi, de tudo que vi neste último ano, neste primeiro ano. E pensando em tudo que está por vir.

Obrigada, Marcelo, pela oportunidade de eu passar um ano inteirinho com nosso filho, exclusivamente com ele. Eu sei o quanto sou privilegiada e eu sei tudo o que ganhei com isso.

Próximos anos virão, com outras histórias tão lindas como a deste último ano.